Cliente. Mobilidade e Planeamento do Território

Projeto. A CIDADE DAS (i)MOBILIDADES Manual de boas práticas em acessibilidade e mobilidade para Todos...

Ano. 2014

Descrição. Capa

Porque cada cidadão tem um território para ser vivido, apropriado e partilhado, a mobilidade urbana configura-se como a dimensão do universo de cada um, o momento em que transcendemos as geografias do quotidiano reinventando e projetando novos tempos e novos imaginários.

 

Borja, Ascher, Castells, O’Nel.lo ou Ribeiro da Silva, referem que ser móvel, não é mais que a capacidade espantosa de percorrer toda a nossa condição urbana, que para além da sua vertente física, é uma imensa construção social.

 

É pois, para essa construção social que esta publicação tenta contribuir, ultrapassando de todo, a visão meramente de engenharia, planeamento do território ou arquitetura.

 

O livro, embora essencialmente técnico, é escrito sobre um imenso vale de reflexões sociais, sociológicas, ou no limite, diria até políticas. Não obstante ter no seu conteúdo Boas Práticas e Anotações para o Desenho Urbano, tem subjacente a dimensão política do direito de todos poderem aceder aos bens que a cidade deve oferecer.

 

E esta, se me permitem, é a vitamina que nutre todo o enorme entusiasmo que todos os dias, nas competências que vou ocupando, independentemente das funções que vou tendo, tentam estruturar as minhas atividades sempre com um enorme espírito de militância.

 

Da função social do engenheiro, do arquiteto ou do planeador do território, nasce este manual que sistematiza a experiência de mais de dez anos a trabalhar a técnica com o dever social da função que exercemos.

 

Este livro pretende colmatar alguma ausência de informação técnica sistematizada e, ainda, continuar a estudar a evolução dos paradigmas relacionados com as condições de mobilidade ou a ausência dela na maior parte das cidades. Pretende ser um livro que sirva de estímulo aos jovens que agora iniciam as suas carreiras profissionais, pela abordagem de uma matéria não tradicional, por vezes ainda nem lecionada nas universidades. Também, ser um livro para aqueles que nunca ouviram falar de cidades inclusivas, mas, simultaneamente, ser um livro para os mais curiosos e participantes ativos da sociedade civil. Seria importante que agitasse os cidadãos de forma geral, os técnicos, os empresários, os gestores, e claro, os políticos.

 

Aliás, e a este respeito, se numa primeira abordagem esta publicação se apresenta essencialmente técnica, a verdade é que, ao desfolhar a Parte 1, onde os conceitos e os paradigmas se apresentam de forma simples, mas marcados no tempo, o leitor é rapidamente envolvido numa narrativa repleta de paradigmas sociais e culturais pela especificidade do tema, mas essencialmente pela força política que esses conteúdos incorporam.

 

De seguida, saltando a Parte 2, essa sim, substancialmente prática e de enorme relevância para quem desenha cidades, passamos para a última parte do livro, que novamente, não obstante a forma ser essencialmente técnica, o substrato assenta numa enorme componente política na medida que consegue demonstrar que afinal, é possível fazer. Que, afinal, com vontade, determinação e decisão política, como o que aconteceu nos dois estudos de caso, é possível fazer intervenções no espaço público e no edificado para todos, sem perder as possibilidades de serem obras de engenharia ou arquitetura de referência a nível nacional ou internacional. Por outras palavras, que afinal a obra pode integrar os desafios da estética simultaneamente com a funcionalidade e servirem todos sem exceção.

 

As Câmaras Municipais têm sido a chave de todo este processo, um crescimento que se tem feito paulatinamente, embora num tempo demasiado curto, o que, por vezes tem trazido alguns problemas. Contudo, face ao entusiasmo hoje demonstrado nesta matéria, o caso Português tem sido uma referência no espaço Europeu e mesmo do outro lado do Atlântico, designadamente no Brasil, onde damos agora os primeiros passos com sucesso.

 

Inquietude, coragem, persistência quando toca a princípios e a valores, gosto pela obra feita, responsabilidade e paixão, são, no meu entendimento as palavras certas para continuarmos a melhorar os nossos conhecimentos nesta matéria que convosco, agora quero partilhar.

 

Á minha equipa da mpt que tem acompanhado estes 10 anos com todo o entusiasmo, profissionalismo e lealdade e aos nossos clientes, grande maioria Câmaras Municipais de Portugal, que têm depositado a confiança em nós e no trabalho que desenvolvemos, dedico este livro.

 

A todos, o desejo inequívoco de que este livro seja, como em todas as circunstâncias refere Eduardo Lourenço, um modo de estar, num território de gente de saber e vontade de estar no futuro antecipando-o.